sexta-feira, 5 de junho de 2009

Artur José Pereira, ou A Origem do Belenenses

Belenense - Nado em Belém

Artur José Pereira nasceu em Belém a 16 de Novembro de 1889, na casa da família na Rua do Embaixador (nº 69). A família Pereira era bastante humilde, como boa parte das famílias residentes nessa zona.
Havia passado somente um ano sobre o célebre encontro promovido pelos irmãos Pinto Basto na Parada de Cascais, que consubstanciou a introdução do futebol no nosso país. O futebol ainda dava os seus primeiros passos em Portugal...

Porém, poucos anos depois, a “febre” do futebol chegou a Belém, disputando-se alguns dos encontros não muito longe da casa de Artur. A partir de 1892, com a construção da Praça de Touros do Campo Pequeno, o terreiro em frente ao Palácio de Belém (futura Praça Afonso de Albuquerque), a praia de Belém e as “Terras do Desembargador” tornaram-se outros locais predilectos para treinos e a disputa de jogos “a sério”…
Este último local era talvez e de todos o mais próximo da casa de Artur José Pereira (não longe das traseiras da Rua do Embaixador) e era onde mais frequentemente se disputavam jogos “oficiais” (a par com Carcavelos), não sendo portanto de estranhar que este já como criança de tenra idade tivesse assistido a encontros de futebol aí disputados pelos maiores entusiastas da época.
Belém era então o primeiro foco do futebol popular, do futebol de rua – neste caso também na praia! - e os belenenses os primeiros entusiastas provenientes de classes mais desfavorecidas.

Entretanto, já mais crescido, é certo que Artur fazia parte da miudagem que fazia tudo para ir ver o futebol , mais concretamente os jogos dos ingleses da Companhia do Cabo Submarino / Carcavelos FC, em Carcavelos, ou os renhidos encontros na vizinha Casa Pia (dos quais o primeiro relatos é de 1893).
Não sabemos se terá assistido ao histórico encontro de 22 de Janeiro de 1897 em que os rapazes da Casa Pia derrotaram o Carcavelos Club po 2-0 no hipódromo (os ingleses, até então mestres imbatidos), mas os ecos desse resultado sem dúvida deverão já ter entusiasmado o jovem Artur (então com 7 anos).

Os primeiros pontapés

Com toda esta envolvente, o passatempo predilecto das crianças logo passou a ser o futebol, jogado com bolas de trapos, de bexiga de porco ou de boi, como relataria anos mais tarde Manuel Martins (o “Barbinhas”, por ser sua a barbearia da zona), grande amigo de Artur José Pereira, em entrevista a Romeu Correia.
Desta forma, não temos dúvidas que, quando foram inauguradas a Praça e Estátua de Afonso de Albuquerque (1903), Artur José Pereira era um dos rapazes que por lá dava pontapés na bola, provavelmente já com notável talento (contava já 13 anos).
Nessa mesma altura já se tinham formado dois grupos populares na zona, a secção de futebol da “Associação do Bem” (associação de ex-alunos da Casa Pia) e o grupo dos “Catataus”, alcunha dos irmãos Rosa Rodrigues que lideravam o grupo de vizinhos da Rua Direita (hoje Rua de Belém). Artur José Pereira deve ter sido uma vez mais espectador atento, quando não participante prematuro nas “peladinhas” na praia, junto às Salésias ou à Praça Afonso de Albuquerque. Já a “Associação do Bem” fazia os seus treinos no Hipódromo de Belém, um pouco mais longe.

Artur José Pereira assistiu concerteza aos primeiros passos do primeiro grande clube de Belém, o Sport Lisboa, fundado em Fevereiro de 1904 na Farmácia Franco (na Rua de Belém). Como muitos dos primeiros treinos e jogos desenrolavam-se nas “Terras do Desembargador”, é fácil de adivinhar que Artur seria uma vez mais espectador assíduo e atento.

Ao longo de todo este tempo e com tanta paixão pelo futebol podemos deduzir que a frequência escolar de Artur José Pereira assumiu um papel secundário. Desconhecemos pormenores sobre a mesma, mas é sabido - e seria notado nos anos vindouros - que Artur José Pereira teve fraca instrução. Terá provavelmente ficado pelo equivalente a uma 5ª classe, que seria então o último ano de escolaridade obrigatória.

Jogador de futebol

Não sabemos exactamente com que idade é que Artur José Pereira passou a integrar equipas “oficiais” de futebol (nomeadamente 2ªs e 3ªs equipas, algo comum nesta época), mas existem algumas referências ao facto de em 1907/08 ser já um jogador destacado no recém-criado Sport União Belenense.
Quem depois reparou em Artur José Pereira, não sabemos (talvez todos!), mas o certo é que este se estreou pelo Sport Lisboa em 22 de Março de 1908 - ainda com 17 anos!
A sua entrada terá sido portanto posterior à “dissolução” do antigo Sport Lisboa (mantendo o nome devido à providencial inscrição no campeonato), e deu-se numa altura em que os dirigentes tinham mantido um plantel em competição com recurso à 2ª equipa. O acordo de Cosme Damião com um clube de Benfica surgiu pouco depois.

O certo é que Artur, mesmo recém chegado, desde logo expressou o seu receio de que o novo clube resultante, o Sport Lisboa e Benfica, iria perder assim a sua identidade como herdeiro do futebol de Belém e do orgulho das suas gentes - e que provavelmente seria mais conhecido como apenas sendo de Benfica. Mais, como sendo só “o Benfica” (e de facto assim foi). Esta circunstância revela o apego que Artur José Pereira mantinha em relação à sua terra, não por defesa “bairrista”, mas porque via injustiçado o tradicional apoio e o entusiasmo dos seus, os pioneiros do futebol do “povo”.

Ainda assim e em 1 de Setembro de 1908 Artur José Pereira lá estava na primeira equipa do Sport Lisboa e Benfica para disputar o campeonato seguinte, acompanhado de “vizinhos” de Belém como Henrique Costa ou Luís Vieira.
Logo em 15 de Setembro desse ano foi considerado o melhor jogador no histórico encontro em que pela primeira vez uma equipa de portugueses conseguiu um empate no campo dos ingleses do Carcavellos, até então sempre vitorioso no seu reduto e tendo acumulando goleadas expressivas. Basta dizer que na época anterior o resultado tinha sido 7-0!
Desde aí Artur José Pereira revelou-se como o melhor jogador de todos, autêntica “estrela” da equipa.
Na época de 1909/10 o Benfica conquistou o seu primeiro Campeonato de Lisboa (na altura ainda era a principal competição nacional), com Artur José Pereira em grande destaque. Um dos jogos foi novamente histórico, pois foram a equipa que venceu pela primeira vez o Carcavellos no seu reduto (0-1).
Em 1911 Artur José Pereira foi escolhido para integrar uma selecção da Associação de Futebol de Lisboa, que jogou e venceu os franceses do Stade Bordelais por 5 bolas a 1. Em 1913 essa mesma Selecção efectuou uma digressão pelo Brasil, sendo que Artur José Pereira - uma vez mais – era um dos escolhidos. Conta-se que a impressão que deixou Artur foi de tal forma que terá recebido inúmeros convites para ficar a jogar no Brasil (que recusou, claro). O seu comportamento cívico durante a digressão foi também considerado exemplar, sobretudo sabendo que era homem de pouca instrução e habitualmente pouco preocupado com as “etiquetas”.
A acompanhar esta digressão em missão oficiosa seguiu também uma grande figura dos primórdios do desporto em Portugal: Mário Duarte (pai), autêntico sportsman aveirense, ex-praticante de muitas modalidades. Segundo se viria a saber, ali travou conhecimento com Artur José Pereira, de quem ficou amigo e grande admirador. Desde então dizia sempre que Artur era o melhor e seria bom em qualquer equipa do mundo, como relataria o seu filho (também Mário Duarte) anos mais tarde.

Por esta altura Artur José Pereira era já um ídolo – e já não só em Lisboa. Segundo consta manteve durante algum tempo um emprego na Farmácia Franco em Belém (a mesma onde se fundou o Sport Lisboa), se bem que o trabalho em si, ao que parece, não era muito. Pedro Franco, o patrão e um dos dinamizadores do Sport Lisboa, nutria por Artur uma grande amizade e sobretudo uma grande admiração... como futebolista (não como empregado). Assim sendo consta que a maior parte do tempo de Artur - como empregado da Farmácia - passava por jogos de bilhar (numa loja próxima) e longas conversas sobre futebol... com o próprio patrão!

Uma mágoa e um sonho que nasce...

Apesar de tudo aquilo - e apesar de mais 3 campeonatos de Lisboa conquistados (épocas de 1911/12, 1912/13 e 1913/14) - a satisfação de Artur José Pereira por estar no Sport Lisboa e Benfica, ao que parece, não era muita. Sabemos que desde sempre guardou ressentimentos pelo progressivo corte da ligação a Belém. Também é sabido que Cosme Damião, figura máxima do SLB, pouco priveligiava essa ligação, já desde a saída do Sport Lisboa de Belém. Se isto foi motivo de atrito entre os dois homens, não sabemos ao certo, mas provavelmente sim.
O certo é que começaram a surgir problemas disciplinares com Artur José Pereira, apesar de este continuar a ser - incontestavelmente - o melhor jogador do SLB (conflitos de protagonismo?). Até que findo o campeonato de 1913/14, e mesmo com o SLB campeão, Artur José Pereira foi suspenso por 6 meses pelo Benfica, alegadamente por “recusar-se a treinar como qualquer outro jogador”.
Se foi uma gota de água ou caso isolado, o descontente Artur José Pereira acabou por ceder aos aliciantes do rival Sporting: protagonizou a primeira grande transferência e uma primeira vinculação quasi-profissional do futebol português. Foi para o Sporting auferir 36 escudos por mês. Isto sem contrato assinado, pois valiam a sua palavra e a de Francisco Stromp, “timoneiro” do Sporting – desde então seu amigo.

A excelência de Artur José Pereira não tardou em dar frutos, desta vez no Sporting. Logo na época seguinte (1914/1915) o Sporting conquistou o seu primeiro Campeonato de Lisboa.

Os próximos tempos não foram fáceis, tinha começado a 1ª Guerra Mundial, em que Portugal foi parte beligerante. Francisco Pereira, o irmão de Artur, foi recrutado para combater em Moçambique, tendo feito 2 anos de campanha na região do Niassa.

Em 1918 Artur conheceu Mário Duarte (filho), que aceitou o repto de um outro jogador para ir treinar ao Sporting. Contou mais tarde Mário Duarte que, como guarda-redes, nunca tivera oposição tão feroz, tal era a potência dos remates, sobretudo de Artur José Pereira, o “baluarte”. Este só dizia “Oh calmeirão [Mário Duarte tinha uma estatura bem cima da média], não ponha as mãos à frente, encaixe, encaixe!”.
Mário Duarte saíu do treino de mãos escaldadas e deveras impressionado. Já nos balneários foi interpelado por Artur José Pereira: “Você é alguma coisa ao Sr. Mario Duarte que foi conosco [Selecção da AFL] ao Brasil em 1913?”. “Sou o filho mais velho”, respondeu Mário Duarte. “Venha de lá um abraço!”, disse logo Artur, satisfeito com o encontro. Segundo Mário Duarte, foi a partir de aí que ficaram amigos.

Ainda nesse ano (1918) o irmão de Artur (Francisco) regressou de Moçambique, promovido a Sargento do Exército pelo seu distinto valor em combate. Incorporou-se novamente no Sport Lisboa e Benfica, apesar de o irmão estar no Sporting (para onde tinha ido precisamente quando começou a guerra). De qualquer forma a juntar à alegria pelo fim da guerra (generalizada por todo o País e pela Europa), a família Pereira tinha mais um motivo de orgulho.

Nessa época (1918/19) Artur José Pereira voltou a ser campeão de Lisboa com o Sporting. De facto ainda era dos melhores, mas faltava ainda cumprir aquilo que ele referia como seu “sonho”. Por palavras suas: “Somos todos de Belém, porque havemos de jogar pelos ‘outros’?”
Ou como referiu Mário Duarte anos mais tarde: “[Artur José Pereira] não queria abandonar o futebol sem deixar em Belém, berço de muitos dos melhores lisboetas (conhecidos por jogadores da praia!), um grupo digno e capaz de defender brilhantemente a sua terra que ele tanto estimava como depois tive ocasião de apreciar”.

O sonho que se faz real

Finda a época de 1919 Artur José Pereira decidiu lançar mãos à obra. De imediato deverá ter posto os seus amigos de Belém ao corrente, nomeadamente os que jogavam ainda no Sport Lisboa e Benfica. Amigos que provavelmente encontraria todos os dias em Belém, quiçá em frequentes “peladinhas” amigáveis na praia de Belém, ou também no incontornável Café Martinho, paragem obrigatória de Artur e muitos outros homens do futebol nas primeiras décadas do século (era aliás paragem obrigatória de grandes personalidades em geral já há mais de um século).
Consta que a maioria desses jogadores estariam nessa altura castigados pelo Sport Lisboa e Benfica, o que os motivou ainda mais para o idéia de Artur José Pereira.
Para poder sair do Sporting, porém, Artur José Pereira tinha uma dívida de cortesia e amizade para a figura máxima dos “leões”, Francisco Stromp, que o tinha acolhido extraordinariamente desde a sua saída do Benfica, em 1914. Conta-se que o acanhado Artur José Pereira não conseguiu reunir coragem para fazer o pedido de saída ao temperamental amigo, e como tal pediu o auxílio do capitão Jorge Vieira. Este, acedeu, algo contrafeito, recebendo depois a curiosa resposta de Stromp: “Ó Jorge, diz ao Artur que vá à merda e que funde o tal clube em Belém!”.

Mas, como rezam as crónicas, foi numa noite de Agosto desse ano (“sonho de uma noite de Verão”, como cita Acácio Rosa) que, num banco de jardim na Praça Afonso de Albuquerque, Artur José Pereira reuniu os primeiros entusiastas: o seu irmão Francisco Pereira, Henrique Costa, Carlos Sobral, Joaquim Dias, Júlio Teixeira Gomes, Manuel Veloso e Romualdo Bogalho. Todos eles eram jogadores de futebol.

Depois desse encontro a idéia do novo clube foi submetida ao juízo de Virgílio Paula e Francisco Reis Gonçalves, que demonstraram o seu entusiasmo e apoio à iniciativa de Artur José Pereira. Várias reuniões se sucederam, com mais intervenientes ainda, até que em 23 de Setembro (ainda em 1919) e também na Praça Afonso de Albuquerque, se decidiu a fundação do novo Clube: o Clube de Futebol “Os Belenenses”. O nome não deixava dúvidas: nascia um clube de futebol só de Belém!
Não há dúvidas que, apesar de se terem contemplado pouco tempo depois outras modalidades, o “sonho” de Artur José Pereira era acima de tudo um grande clube de futebol, que pudesse rivalizar e até superiorizar-se aos rivais Sporting e Benfica. Foi esse o desígnio do principal fundador do Clube.

Foi claro o papel de Artur José Pereira nos primeiros tempos no clube. Como jogador exímio mas homem de poucas palavras, sempre orientou a sua intervenção para os treinos e organização da equipa de futebol. O resto deixava para quem ele achava que mais entendia.

Esteve presente na primeira Assembleia Geral do Clube em 2 de Outubro – claro – onde pouco ou nada deliberou por sua conta, tal como um “principal fundador” poderia fazer. Rejeitava o protagonismo. Só houve um ponto em que Artur José Pereira foi de facto decisivo, mas uma vez mais só para demonstrar a sua modéstia: enquanto os outros lhe pretendiam atribuir o número 1 como sócio (dado que tinha sido o mentor incontestado do Clube), Artur insistiu para que essa honra fosse para Henrique Costa, pois este era o mais velho. E assim foi decidido. Como diria mais tarde Mário Duarte: “Até nisso o Artur era grande!”. Artur José Pereira ficou como sócio nº2...
E claro, não assumiu nenhum cargo directivo, muito menos o de presidente!

Como viria a contar Mário Duarte, a própria família Pereira deu um contributo especial para os primeiros tempos do Clube. Era na casa dos Pereira na Rua do Embaixador (onde ainda moravam Artur e Francisco) que os jogadores se equipavam, sempre com o carinho e solicitude da mãe de Artur José Pereira. Uma vez equipados desciam até à Rua de Belém, que depois atravessavam nesses peculiares trâmites até chegar ao Campo do Pau do Fio (na Rua Vieira Portuense): andando pelos passeios, concerteza e uma vez por outra cruzando-se com um eléctrico que passava... enfim, um cenário bastante “pitoresco” (a “carolice” no seu melhor).

A primeira equipa e os primeiros jogos oficiais

O primeiro treinador da equipa foi Henrique Costa.
Os dois primeiros jogos oficiais do Belenenses (na Taça “Associação”) saldaram-se em derrotas, mas de forma alguma foram decepcionantes. A equipa estava em fase de habituação e entrosamento, para mais nos primeiros treinos era rara a vez em que o plantel estava completo, faltava sempre e pelo menos um jogador - tal como assinalaria Mário Duarte anos mais tarde.
A prova de fogo viria já em 1920, com o início do 13º Campeonato de Lisboa (1919/20). E na série de grupos logo calhou o Benfica como adversário. O outro era o CIF.
O primeiro encontro (a 11 de Janeiro) trouxe a primeira vitória do Belenenses: frente ao difícil Internacional (o CIF) no campo deste, por três bolas a duas.
De seguida, em 25 de Janeiro, o primeiro grande embate, precisamente frente ao Benfica (o primeiro “clássico” entre estes emblemas), a disputar no Lumiar. O resultado do primeiro encontro entre estes clubes foi favorável ao Belenenses (2-1), que mostrava que estava ali para ficar... e lutar como um grande! Imaginamos a satisfação de Artur José Pereira e dos seus companheiros: o “sonho” tinha pernas para andar.

O Belenenses franqueou essa primeira fase em primeiro lugar, pois derrotou sem dificuldades o CIF no outro jogo por 8-0 - a primeira goleada do Clube, a 8 de Fevereiro - para além de um empate (3-3!) em casa do Benfica, a 14 de Fevereiro.
Sobre a goleada com o CIF (a 8 de Fevereiro), contaria depois Mário Duarte que a exibição de Artur José Pereira foi absolutamente fantástica: “o Artur José Pereira dos velhos tempos”, como referiu. Num episódio em particular, Artur “driblou” 3 adversários de seguida, um dos quais até escorregou e caiu no chão. Após este “drible tauromáquico”, Artur José Pereira parou a bola e pôs o pé em cima do adversário caído, exclamando para as bancadas “isto é que é joguinho!”. Sem perder muito mais tempo entregou depois a bola com a habitual precisão matemática a um dos seus avançados! Um “craque”!
Passada a 1ª fase vieram as meias-finais, disputadas entre os clubes apurados em campos neutros. Da 2ª série apuraram-se Belenenses (1º) e Benfica (2º). Da 1ª série apuraram-se Sporting (1º) e Vitória (de Setúbal, em 2º).
E para começar, a 18 de Abril, o primeiro Sporting-Belenenses (no Campo Grande). Venceram os “azuis” com um golo de... Artur José Pereira!
Em seguida o Belenenses conseguiu novo empate com o Benfica (1-1) e uma vitória frente ao Setúbal (4-1). E na sua primeira participação no Campeonato de Lisboa (ainda a principal competição de então), o Belenenses conseguia assim chegar à final!
A final era disputada em duas mãos, e aí o Belenenses perdeu por duas vezes com o Benfica: primeiro derrota em casa por 1-2 (30/5/1920) e depois derrota fora por 2-0 (6/6/1920).

Entretanto, Artur José Pereira continuava em grande forma: foi convocado para a 9º jogo entre “Selecções” Lisboa-Porto (ainda não existia Selecção Nacional), sendo assim o primeiro jogador do Belenenses a ser seleccionado. Na 10ª edição também foi convocado, desta vez contando com a companhia de Carlos Sobral e Francisco Pereira.

A ascensão dos “azuis” porém não agradava a todos, sendo frequentes os ataques da imprensa ao Clube e aos jogadores. Em Novembro de 1920 a revista “Football” publicou um artigo depreciativo para os de Belém, discriminado a condição social da maioria dos seus jogadores – como Artur José Pereira, humildes e de pouca instrução. O objectivo era desestabilizar o Belenenses, que então iria disputar a final da Taça “Associação” com o recém-criado Casa Pia Atlético Clube.
Porém as relações com o “vizinho” Casa Pia eram naturalmente as mais cordiais. Cândido de Oliveira, fundador do C.P.A.C. era um velho amigo de Belém e dos Belenenses. E a amizade era recíproca. Na época anterior as escolas do Casa Pia haviam treinado com alguns dos Belenenses sob a orientação do próprio Artur José Pereira, que assim se tornou em figura querida e admirada junto dos casapianos.
Quanto à final da Taça da AFL, o Casa Pia acabou por ser o vencedor e o Belenenses desde logo saudou com a maior alegria e entusiasmo os seus “vizinhos”. No final do jogo o próprio Artur José Pereira abraçou todos os adversários, multiplicando as felicitações.

Entretanto e em nova convocatória para jogo entre selecções de Lisboa e Porto (a 27 de Fevereiro de 1921), Artur José Pereira, Francisco Pereira, Alberto Rio e Eduardo Azevedo foram chamados.
Em 6 de Março de 1921 deu-se uma nova – se bem que risível – tentativa para desestabilizar os Belenenses e acabar com o “sonho” de Artur José Pereira. Tendo tido conhecimento de um jogo particular entre jogadores de Belém, o jornal “Sports” logo noticiou que o Clube se iria desmembrar em dois clubes rivais. O jogo mais não não tinha sido do que uma “peladinha” - em jeito de paródia - entre jogadores do Clube. Para mais tinha sido arbitrado pelo próprio Artur José Pereira!

Em 3 de Abril de 1921, por ocasião de novo Lisboa-Porto, Artur José Pereira e Francisco Pereira foram novamente titulares, com Alberto Rio a suplente.
Em 19 de Junho de 1921 o Belenenses conquistou o seu primeiro torneio - a Taça “Mutilados de Guerra” - derrotando o Sporting na final por 2-1.

O 2º aniversário do Clube, em Setembro de 1921, foi demonstrativo da uma imensa adesão popular ao Belenenses, o que fez calar durante algum tempo os detractores (preocupados com tantos potenciais leitores).
No âmbito do aniversário foi disputado mais um Belenenses-Casa Pia, encontro que terminou empatado a 2 bolas. Como curiosidade e provavelmente por indisponibilidade dos titulares, Artur José Pereira participou neste jogo como... guarda-redes!

O Belenenses nasceu já Grande... incómodo e perseguido

Ainda em 1921 surgiu um novo conflito "institucional". Em 17 de Novembro a União Portuguesa de Futebol (antecessora da Federação Portuguesa de Futebol) divulgou a lista de convocados para o que seria o primeiro jogo oficial de uma Selecção Nacional (também ela oficial). Nessa lista foram obviamente incluídos Artur José Pereira, o seu irmão Francisco Pereira e Alberto Rio, que continuavam a demonstrar pelo Belenenses os méritos reconhecidos já desde a sua carreira noutros clubes (como o Sport Lisboa e Benfica e o Sporting).
Foi então que alguns sectores - por certo afectos aos outros emblemas - levantaram então a polémica, objectando de forma desleal à convocatória de jogadores azuis. Como habitual, a voz desses elementos foi largamente difundida pelos meios de comunicação numa clara tentativa de – uma vez mais – manipular a opinião pública.
Quem não esteve para meias medidas foi o próprio Artur José Pereira, que perante tal vaga de hostilidade decidiu que nenhum dos jogadores do Belenenses responderia afirmativamente à chamada. O Belenenses fez então chegar ao secretário-geral da Associação de Futebol de Lisboa um carta (datada de 21 de Novembro) assinada pelos convocados e que incluía os seguintes termos (impregnados de ironia):
“Os signatários [...] vêm junto de V. Exª, muito respeitosamente, mas com o máximo empenho de que o seu pedido seja atentido, pedir escusa da referida nomeação. [...] Convencidos de que com a sua substituição o grupo nacional ficará seguramente melhor, e que com a sua abdicação, assim, de alguma maneira contribuirão para uma melhor representação do País no estrangeiro; de que a opinião pública ao tomar conhecimento desta resolução ficará mais tranquila, deixando portanto de ter apreensões a respeito do possível resultado do encontro Portugal-Espanha, [...] pedem a V. Exª para serem substituídos do grupo nacional, não desejando figurar sequer como reservas”.
Como veremos adiante, Artur José Pereira nunca mais teve sequer oportunidade de ser convocado para a Selecção Nacional...

A época de 1921/22 também não começou de forma fácil para o Belenenses. A Associação de Futebol de Lisboa resolveu criar duas divisões, “atirando” os clubes mais recentes – incluindo o Belenenses – para a 2ª Divisão.

Com o seu já habitual brio o Belenenses sagrou-se sem dificuldades o campeão dessa divisão. Em seguida deveria disputar o título com o vencedor da 1ª divisão. Foi assim que em 26 de Março de 1922 se encontraram (no Lumiar) Belenenses e Sporting para a final. A atmosfera não podia ser de maior euforia e também grande confraternização entre as côres adversárias. Antes de se iniciar o jogo, Artur José Pereira e Francisco Stromp, seu velho amigo, abraçaram-se. Porém o jogo foi bastante violento, sucedendo-se as faltas de ambos os lados. O Sporting venceu por 2-0 mas as decisões arbitrais em prejuízo do Belenenses foram consideradas como “bárbaras” pela imprensa da época.
Na sequência desse jogo a Associação de Futebol de Lisboa resolveu a 30 de Março suportar e acentuar as injustiças do juíz da partida, determinado a aplicação de diversos castigos, incluindo a suspensão de Artur José Pereira por 6 meses, por alegado “jogo violentíssimo”.
Tudo isto provocou simultaneamente revolta e desânimo entre os Belenenses, embora uma vez mais se erguessem para continuar, apesar de todas as (já velhas) tentativas para “afundar” o seu Clube. Quanto a Artur José Pereira, estamos em crer que estivesse bastante agastado com tudo isto, senão mesmo algo farto.
Aliás foi nesta altura que Artur José Pereira decidiu terminar a sua carreira como jogador. O polémico jogo com o Sporting foi o último jogo oficial do qual há registo da sua participação.

Apesar de tudo e em 18 de Maio de 1922 a AFL decidiu aplicar uma amnistia a todos os clubes e jogadores castigados. Porém a “despedida” de Artur José Pereira consumava-se: em Abril jogou dois jogos amigáveis em visita a Aveiro (como detalharemos adiante); em Junho desse ano não fazia parte do 11 titular que disputou a Taça do Jornal “O Século”; em Setembro jogou os dois encontros amigáveis que se disputaram em mais uma visita ao Porto (já era tradição anual!); mas para o campeonato de 1922/23 já não foi inscrito.

O fim de uma carreira, o início de outra - em ambas, um Mestre

Acabou assim a carreira de um jogador que para muitos foi considerado o melhor de todos.
Assim o destacou de entre todos os outros jogadores Ricardo Ornellas, grande estudioso e consagrado jornalista desportivo (também um dos principais mentores do aparecimento da Selecção Nacional) no seu livro “Números e Nomes do Futebol Português”. Nessa edição, onde se encontra uma fotografia da célebre digressão ao Brasil (em 1913) e ao chegar a vez de nomear Artur José Pereira acrescentou em exclusivo o seguinte epíteto: “o melhor jogador português de todos os tempos”.
Curiosamente - e infelizmente, diremos - Artur José Pereira nunca chegou a representar a Selecção Nacional, dado que o único jogo antes da sua retirada foi mesmo o Portugal-Espanha da polémica “anti-Belenense” (que já vimos atrás).
Tavares da Silva (também futuro Seleccionador Nacional e jornalista) foi outra grande personalidade que lhe elaborou inequívoco elogio: “Artur José Pereira nunca estudou o jogo pelos livros ou pelo ensino do treinador, conhecia o futebol como ninguém. Foi percursor do jogo moderno, adivinhando por intuição e por instinto tudo o que dizia respeito à táctica e execução”.
Da forma similar também se refere Cândido de Oliveira, já em Abril de 1945 em artigo publicado no jornal “A Bola” (do qual Cândido foi fundador). Este destaca e enumera as qualidades técnicas do jogador (e orientador-capitão): “[...] possuía qualidades em que nenhum outro jogador o igualou, a maior de todas definida pela atitude artística. [...] Era completíssimo, perfeitamente ambidextro e com potente remate com os dois pés; jogava primorosamente de cabeça; era um driblador estupendo e tudo isto valorizado por uma combatividade e uma coragem sem limites”. Mas foi mais longe ainda ao destacar, como Tavares da Silva, as qualidades como “cérebro” e organizador de jogo: “Foi um autêntico revolucionário do jogo, imaginando soluções, criando conceitos e sistemas que mais tarde haveriam de chegar até nós trazidos pelos técnicos e livros estrangeiros”.
Em suma, para além de qualidades técnicas indiviuais excepcionais, Artur José Pereira também foi muito longe (e muito antes de todos os outros) nas concepções tácticas do próprio jogo, algo que iria demonstrar nos anos seguintes como treinador. A título de exemplo, foi pioneiro – décadas antes de outros – na introdução de um novo sistema táctico já muito semelhante ao WM. Isto quando todos os outros, para além de se limitarem ao tradicional sistema em “pirâmide” (que se manteria em muitas equipas até à década de 40), não pensavam sequer que a implementação de um novo sistema poderia ser uma arma fundamental – priveligiando apenas o aperfeiçoamento das qualidade técnicas. E isto, uma vez mais, vindo de quem não lia ou estudava teorias sobre o jogo.

O talento de Artur José Pereira iria continuar, desta vez como treinador de todas as equipas de futebol do Clube, substituindo em determinado momento Henrique Costa para a equipa principal. Nesta circunstância, fez do Belenenses uma autêntica “fábrica de jogadores”. Do escalão mais jovem até à primeira equipa, Artur José Pereira acompanhava cuidadosamente a formação dos jogadores azuis, não tardando em levar muitos para a equipa principal, também eles como grandes jogadores. Cada vez que surgia um rapaz com notável talento era comum comentar-se “este tem o dedo do Artur”; “há ali mão do Artur”. De tal forma que no meio do futebol português Artur José Pereira passou a ser reconhecido para sempre como “Mestre Artur”.

Foi ele que descobriu o Pepe e Mariano Amaro, entre muitos outros, de entre os maiores jogadores da história do Belenenses e do futebol português. Relativamente ao primeiro, foi mesmo Artur José Pereira o responsável pela precoce mas gloriosa e famosa estreia (apesar de ciente e receoso da opinião da massa associativa, que ainda mal conhecia o pequeno génio).
Ainda assim, Acácio Rosa diria mais tarde que, mesmo como treinador, Artur José Pereira foi até ao final da sua carreira um executante sem par na própria equipa (mesmo contando com o dobro da idade de alguns deles!).

Pontualmente Artur José Pereira continuou a participar em jogos amigáveis, deslocando-se por vezes a diversas partes do país para tal. Ainda em Abril de 1922 Mário Duarte conseguiu a sua participação num jogo entre equipas de Aveiro, em que Artur José Pereira seria “reforço” de uma delas. Como conta Mário Duarte esta circunstância teve grande divulgação, havendo cartazes na cidade que anunciavam o jogo, referindo-se a Artur José Pereira como valendo por “meio team”!

Com Artur José Pereira como treinador das equipas de futebol os azuis ganharam quatro Campeonatos de Lisboa (1925/26, 1928/29, 1929/30 e 1931/32) e três Campeonatos de Portugal (1926/27, 1928/29 e 1932/33). Finalmente, um palmarés a condizer com o Grande Clube que sonhou. Para mais o Clube contava desde 1928 com um campo também à altura: as Salésias.

O afastamento

Passados alguns tempos em que apenas os títulos - e a valia dos jogadores formados - testemunharam a categoria do Mestre Artur, chegaria o triste ano de 1937.
Artur José Pereira adoeceu e a recomendação do médico (precisamente o Dr. Virgílio Paula, seu companheiro, amigo e também fundador do Belenenses) foi que deveria recolher-se o máximo possível no leito doméstico: terminou assim a carreira de Artur José Pereira como treinador. E o seu contacto directo com a vida do Clube foi sendo cada vez menor.

Perante esta situação – a retirada de Artur José Pereira - foi então que Reis Gonçalves, outro dirigente “lendário” desde a fundação do Clube, muito correcta e respeitosamente solicitou a Artur que designasse o seu sucessor (outros talvez não fizessem o mesmo).
Segundo os relatos, Artur José Pereira respondeu: “Falem com o Cândido. É o homem que nos convém nesta altura. E, acima de tudo, é nosso amigo.”. O “Cândido” era Cândido de Oliveira, já nesta altura um reputado jornalista, treinador conceituado e um teórico do futebol sem par. Também ele apaixonado pela Belém da sua juventude, tendo restaurado outra “herança” do futebol da zona com a fundação do Casa Pia (em 1920). E era, de facto, um grande amigo, personificando a velha amizade entre os dois emblemas de Belém.
O Engº Reis Gonçalves, cumprindo o desejo de Artur, foi então ao encontro de Cândido de Oliveira (no Café Nicola) - para lhe fazer a proposta. Este como primeira resposta indicou dois ou três outros nomes que pelo seu juízo dariam bons treinadores. Reis Gonçalves insistiu no desejo de Artur José Pereira. Cândido de Oliveira então serenamente respondeu que aceitaria, sim, treinar o Belenenses, mas a remuneração que lhe era prometida deveria ser entregue a Artur José Pereira. Se assim fosse, treinaria até de borla. Um grandioso gesto de amizade e respeito - como poucas vezes se viu.
É de referir que nessa altura (desde 1935) Cândido de Oliveira era também o Seleccionador Nacional (cargo que já tinha ocupado entre 1926 e 1929).
Cândido de Oliveira conduziu então o Belenenses até ao final da época de 1937/38, tendo assegurado o 3º lugar no Campeonato de Lisboa.
Depois disso Cândido de Oliveira teve de honrar justificadamente outros compromissos, pelo que o Belenenses solicitou então a Augusto Silva, o fiel e grande discípulo do Mestre (de quem tinha também o total aval), para que assumisse então o cargo. De igual forma este impôs uma condição fundamental: só aceitaria as funções se Artur José Pereira passasse a receber uma subvenção mensal e vitalícia por parte do Clube. E de facto, assim foi. Na Assembleia Geral de 18 de Agosto de 1938 foram aprovados os termos da proposta de Augusto Silva, que seria já o treinador na época seguinte.

O crepúsculo

Infelizmente o estado de saúde de Artur José Pereira agravou-se a cada ano que passava, havendo quem diga que o vício do álcool acelerou a sua degradação. Vivia já retirado numa modesta casa em Linda-a-Velha, subúrbio então ainda campestre (no meio de “terra e flores”, como se dizia).

Segundo consta ainda aproveitou essa circunstância para aperfeiçoar os seus dotes de caçador, sendo este o seu entretenimento principal.

Em 25 de Dezembro de 1942 os Belenenses resolveram fazer uma grande homenagem ao seu fundador, à qual não sabemos – mas duvidamos – que Artur José Pereira tenha assistido, dada a sua condição cada vez mais precária. Feliz iniciativa, seria uma última e justa recordação do Clube.
Volvidos pouco mais que 8 meses sobre aquela homenagem, mais concretamente na alvorada de 6 de Setembro de 1943, faleceu por fim Artur José Pereira.
Morreu na companhia da sua esposa e da sua sobrinha, na sua casa em Linda-a-Velha.
A doença fatal foi a tuberculose, que na altura ainda ceifava milhares de vidas em Portugal pela inexistência de tratamentos adequados (se fosse hoje...).
Dois dias depois (8 de Setembro) deu-se o enterro no Cemitério da Ajuda.

Em memória do seu justo “pai” o Clube instituíu por unanimidade da Assembleia Geral (7 de Março de 1945) que 6 de Setembro passaria a ser o “Dia da Saudade Belenenses”, dia em que todos os anos passaria a ser feita uma romagem ao túmulo de Artur José Pereira (ou no Domingo mais próximo), como assim se faz até aos nossos dias.

Cruel desencontro, o “seu” Belenenses haveria de vencer cerca de dois anos e meio após a sua morte a maior competição do País. Nessa equipa haveriam de brilhar alguns dos seus pupilos, entre os quais se destacou o grande Mariano Amaro.
Outra amarga ironia do destino, Artur José Pereira teria completado em 1944 os 25 anos de sócio (os mesmos que o seu clube). Praticamente todos os seus companheiros de fundação receberam a distinção, mas Artur já não... faltou o sócio nº2...

No decurso do ano de 2000, após o falecimento do grande Matateu, decidiu o Belenenses a construção de um Mausoléu no Cemitério da Ajuda onde passaram a repousar os restos mortais dos grandes símbolos do Clube: Pepe, Matateu e claro, Artur José Pereira. A estre ilustre trio se presta hoje homenagem a 23 de Setembro, data da fundação do Clube.
A Artur José Pereira foi atribuída a distinção de “Sócio de Mérito” na Assembleia Geral de 8 de Agosto de 1927. Foi o “Sócio de Mérito” nº 2, logo a seguir ao seu amigo Henrique Costa, que por imposição de Artur José Pereira era o sócio nº1.
Na Assembleia Geral de 18 de Agosto de 1940 Artur José Pereira foi distinguido como “Sócio Honorário”(com o nº 17).

Epílogo

Artur José Pereira foi um génio – o primeiro - antes do tempo. Aquele que foi considerado o melhor de todos os tempos por quem o viu jogar foi entretanto ensombrado – como outros, incluindo Pepe - pelo mágico poder dos meios audiovisuais, que permitiram anos depois ver e rever as proezas de futuros craques. Não existem sequer filmes que nos permitam vislumbrar ou comparar a grandeza de Artur José Pereira com a de outros.
Muitos continuaram a considerá-lo o maior mesmo depois da grande aparição de Pepe. Dos que viram Matateu, só muitos poucos e a custo se lembrariam de Artur José Pereira. Não é portanto fácil dizer que - mesmo no Belenenses - Artur tenha sido o melhor de todos. Porventura foi.
Mas uma coisa é certa, foi um dos melhores e foi o primeiro. Só isso basta para ser... O MAIOR.

Como resumiu de forma sublime Mário Duarte: “Que maior e melhor fundador poderia ter o nosso clube?”

Nota: texto inicialmente publicado na página do autor, posteriormente também publicado no Site Oficial do Clube